60% das mulheres empreendedoras são também as responsáveis pela maior parte das tarefas domésticas, revela pesquisa da SumUp

  • Estudo aponta ciclo vicioso: mais tempo cuidando da casa leva empreendedoras a dedicar menos tempo a seus negócios e faturar menos que homens;

  • 35% das mulheres empreendem por necessidade, contra 28% dos donos de negócio do sexo masculino;

  • Levantamento mostrou também que as mulheres que empreendem são mais escolarizadas que os homens

A SumUp, empresa global de tecnologia e soluções financeiras, realizou um estudo com seus clientes para analisar como as empreendedoras brasileiras têm atuado em pequenos negócios pelo Brasil. A pesquisa apontou que 60% das mulheres empreendedoras são responsáveis pela maior parte das tarefas domésticas atribuídas a elas. Entre homens, esse índice cai para 23%.

A pesquisa, realizada entre os dias 24 e 27 de fevereiro de 2024, ouviu 616 clientes da fintech, sendo 302 mulheres, 312 homens e duas pessoas de outro gênero, distribuídos em todas as regiões do País.

“O tempo gasto em tarefas domésticas impacta diretamente na quantidade de horas que as mulheres podem se dedicar aos seus negócios, o que influencia no faturamento dos comércios dessas mulheres”, comenta Mariana Lazaro, CFO da SumUp para as Américas.

Por exemplo, a pesquisa mostra que as mulheres dedicam menos horas para seus negócios do que os homens. Enquanto apenas 33% das mulheres conseguem trabalhar mais de 44 horas por semana, vemos que 46% dos homens podem destinar esse tempo aos seus negócios.

O estudo revela ainda que 27% das mulheres possuem uma renda mensal de menos de um salário-mínimo, contra 13% dos homens. Nas faixas de faturamento mais alto, a presença das mulheres é menor: apenas 9% dessas entrevistadas faturam mais de 10 salários-mínimos, ante 21% dos homens.

“Os dados sobre tempo dedicado à casa, horas dedicadas ao negócio e faturamento estão totalmente interligados. É um ciclo vicioso: ao passar mais tempo sendo as principais responsáveis pelas tarefas domésticas, as mulheres trabalham menos e ganham menos dinheiro que os homens”, afirma a CFO.

Segundo a pesquisa, as mulheres tendem a operar seus negócios em casa que os homens: 49% delas empreendem onde moram, enquanto apenas 25% dos homens empreendem em casa. “Esse número indica que as múltiplas jornadas que elas enfrentam podem ser um fator relevante, tornando o atendimento em casa uma alternativa para otimizar a vida de quem tem diversas obrigações no lar”, explica Mariana.

Questionadas sobre os segmentos de atuação, as mulheres atuam principalmente nos segmentos de venda de vestuário, representando 19% da amostra; serviços de beleza, com 14% das entrevistadas; e alimentação, com 13% dessas mulheres.

Além disso, 35% das empreendedoras afirmam que abriram seu próprio negócio por necessidade de renda, um percentual superior ao dos homens, que mencionaram esse motivo em 28% dos casos. Já em relação a ser o sustento principal da casa, 45% das mulheres empreendedoras são as responsáveis pelo seu lar, contra 70% dos homens que são arrimos de família.

A pesquisa mostrou também que as mulheres que empreendem são mais escolarizadas que os homens da mesma categoria profissional. Entre as mulheres, 56% chegaram ao ensino superior, terminando ou não seus cursos, contra 43% dos homens entrevistados. “Mesmo com mais estudo, as mulheres não conseguem se dedicar mais aos seus negócios e seguem ganhando menos”, frisa a CFO.

Em relação a 2024, as mulheres são levemente mais pessimistas que os homens ao avaliar o desempenho dos seus negócios no último ano. 61% das entrevistadas consideram o ano de 2024 bom, em contrapartida 67% dos homens enxergam o ano que passou com bons olhos.

Ainda assim, as mulheres estão mais otimistas com 2025. 79% das empreendedoras acreditam que este ano será melhor para seus negócios do que foi em 2024, enquanto 69% dos homens seguem otimistas.