42% das mulheres empreendem por necessidade, revela estudo exclusivo da SumUp
De acordo com pesquisa sobre empreendedorismo feminino realizada pela fintech, 33% das microempreendedoras e autônomas faturam menos de 1 salário mínimo por mês
Acesso ao crédito é o principal fator que levaria negócios liderados por mulheres a crescer
De acordo com pesquisa exclusiva sobre empreendedorismo feminino elaborada pela SumUp, empresa global de tecnologia e soluções financeiras, a maior parte das mulheres são empreendedoras por necessidade – ou seja, abrem seus negócios para terem alguma fonte de renda. Isso é o que afirmam 42% das entrevistadas pela fintech.
Na sequência, 25% das mulheres dizem que decidiram empreender após enxergarem uma boa oportunidade de negócio. Já para 22% delas, o objetivo principal ao empreender foi ter mais autonomia e tempo para se dedicar à família. Esse cenário contrasta com o indicado pelo público masculino, onde a maior parte (37%) diz empreender por oportunidade, contra 31% que começaram a empreender por necessidade.
O estudo foi realizado online com 2.266 microempreendedores e autônomos – 1.261 mulheres e 1.031 homens – da base de clientes da SumUp, de todas as regiões do Brasil, entre os dias 17 e 27 de fevereiro deste ano.
“Nossa pesquisa tem o objetivo de identificar o perfil da empreendedora brasileira, mensurando suas condições de renda e escolaridade, sua participação no sustento da família e expectativas para o futuro. Comparamos as respostas das mulheres com as de homens, para aferir como questões de gênero impactam a vida e o trabalho delas. É um estudo necessário e valioso para refletir, em uma data tão importante quanto o Dia Internacional da Mulher, sobre os desafios das empreendedoras da base da pirâmide”, conta Mariana Lazaro, CFO da SumUp para as Américas.
Perfil das empreendedoras brasileiras
As regiões Sudeste e Nordeste concentram a maioria das mulheres microempreendedoras e autônomas, com 40% e 29% das entrevistadas, respectivamente. Analisando a faixa etária dessas empreendedoras, o estudo identificou que 38% delas têm entre 30 e 39 anos de idade e 29% de 40 a 49 anos. Entre as 1.261 mulheres entrevistadas, 45% se declaram de etnia parda, 43% são brancas e 10%, pretas. A maioria delas, cerca de 55%, têm ensino médio completo ou incompleto.
Avaliando os setores onde as mulheres empreendedoras estão inseridas, elas são maioria em relação aos homens nos segmentos de cosméticos e serviços de estética (82% do total), roupas e acessórios (80%), profissionais de saúde (64%) e produtos para pets (60%).
O estudo indica que, também no empreendedorismo, as mulheres ganham menos que os homens. Quando questionadas sobre a renda individual, 34% das microempreendedoras afirmaram faturar no máximo um salário mínimo por mês com o próprio negócio. Já 46% delas dizem ganhar entre um e três salários mínimos e 4% entre três e cinco. Ao mesmo tempo, apenas 1% das mulheres superam a barreira dos 10 salários mínimos de faturamento. Entre os homens, apenas 16% afirmam receber até um salário mínimo, 47% entre um e três salários mínimos, 24% entre três e cinco e 4% acima de 10 salários.
Entre as mulheres empreendedoras, 54% são chefes de família. “Como as mulheres tendem a faturar menos do que os homens, é possível dizer que uma parte considerável das famílias chefiadas por mulheres vivem com muito pouco dinheiro. Isso mostra como questões de gênero afetam a vida das empreendedoras e de seus dependentes”, diz Mariana.
Outro dado importante da pesquisa é que 24% das entrevistadas afirmaram que já sofreram algum tipo de discriminação no seu trabalho por serem mulheres. Esse índice chega a 35% quando analisamos apenas as respostas das mulheres que se declaram pretas.
Nos negócios
Ao serem perguntadas sobre o potencial de crescimento de seus negócios, 41% das empreendedoras afirmaram que ter mais acesso ao crédito para investir é o principal fator que ajudaria na expansão dos empreendimentos. Em seguida, novas tecnologias para divulgar os negócios e reformas ou ampliação do empreendimento, ambas com 18% das respostas, são apontadas como possíveis variantes potencializadoras para seus negócios.
Além disso, 25% das mulheres empreendedoras perceberam que seu poder de compra diminuiu nos últimos anos. O número é tendencialmente maior entre elas do que entre os os homens empreendedores: apenas deles 19% sentiram uma queda no poder aquisitivo. “Isso indica que as mulheres podem ter sido mais afetadas pela inflação do que os homens”, diz Mariana.
Contudo, as mulheres estão mais otimistas que os homens. Das entrevistadas, 78% têm boas expectativas em relação aos negócios em 2023, contra 68% dos homens empreendedores.